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Origem do dia da Mentira
Que atire o primeiro boneco de Pinóquio quem nunca falou uma mentirinha – mas tem um dia no ano em que ela é institucionalizada praticamente no mundo inteiro. Devidamente perdoada, desde que não seja de mau gosto, no dia 1º de abril tem muita gente que chega a fazer listinha para ver quantas pessoas pegou nos trotes. E vale tudo, telefone, SMS, notícia falsa no Facebook, Whatsapp. Mas de onde saiu essa história de que a mentira está liberada nessa data? Como será que nasceu essa tradição que é mais velha que nossos tataravós?
Na França, o início dos “peixes de abril”
Reza a lenda – e é lenda mesmo, porque ao certo ninguém sabe – que o Dia da Mentira ou o Dia dos Bobos, como também é conhecido, surgiu na França do século XVI, quando o Ano Novo ainda era comemorado no dia 25 de março e as festividades só terminavam no dia 1º de abril. Quando o rei francês Carlos IX, em 1564, adotou o calendário gregoriano e determinou que a comemoração de passagem de ano fosse feita no dia 1º de janeiro, muita gente aproveitou para zoar os conservadores que mantinham a comemoração na data antiga ou simplesmente se esqueciam da mudança.
A brincadeira começou com o envio de presentes estranhos e até convites para festas que não existiam, só para zombar da data e rir da cara de quem acreditava e dava com a cara na porta. Cerca de 200 anos depois a gaiatice chegou à Inglaterra, de onde se espalhou por toda a Europa e pelo mundo a fora. Na França o Dia da Mentira é conhecido como “poisson d’avril” e na Itália “pesce d’aprile”, em ambos os casos significando “peixe de abril”.
Mudanças climáticas podem ter inspirado a gaiatice
Outra versão é mais sutil e atribui à própria natureza o início da brincadeira, já que na virada de março para abril as mudanças climáticas costumavam pegar as pessoas desprevenidas – e quem saía com roupas levinha pela manhã à tarde era surpreendido por rajadas de vento gélido. Feitas de bobas pelo tempo, resolveram incorporar o humor climático e fazer os outros de bobos também.
Por aqui a brincadeira começou por Pernambuco, através do periódico sugestivamente chamado de “A Mentira”, que no dia 1º de abril de 1848 publicou a notícia falsa da morte de D. Pedro. Como as informações andavam bem mais devagar naquela época, o desmentido só aconteceu no dia seguinte – mas foi o suficiente para os pernambucanos adotarem a brincadeira no ano seguinte e acabarem passado adiante por todos os estados.
Brincadeira deve ser saudável
Hoje a brincadeira é adotada por crianças e adultos, mas deve ser levada de forma saudável. Nada de humor negro nem piadas de mau gosto que podem causar prejuízo a alguém ou até problemas de saúde, quando a mentira pode é emocionalmente negativa. É sempre bom lembrar que, especialmente para as crianças, deve ser reforçada a noção de quem mentir não é um bom negócio, ainda que seja de brincadeirinha.
Não há problema em uma brincadeira saudável, mas não custa nada lembrar as histórias de Pinóquio, do italiano Carlo Collodi e popularizada por Walt Disney. Escrito em 1883, o romance “As aventuras de Pinóquio” já mostrava o quanto a mentira pode ser prejudicial. Nele cada vez que o boneco de madeira mentia o nariz crescia, uma forma de mostrar que a verdade sempre aparece.
Então se a ideia é brincar nesse 1º de abril, seja criativo e faça com que todos se divirtam sem prejuízo ou problemas para ninguém.